9 de set. de 2010

<< PARA CONSTAR EM UM PAINEL DE RECADO >>

ATÉ OUTRA DIA, DE NOVO
Que seja num dia, assim, ao amanhecer é melhor,
pois nos encontramos por demais vezes, quando o sol já se deitara.
Numa hora vespertina? Também não, pois muito que estivemos nelas,
em tantos trabalhos juntos, que até perdi a conta.
De repente deixamos de nos ver, falar, ou até rir de coisas a toa,
porque se interpôs uma dessas circunstâncias obtusas, inexplicáveis, implacáveis.
Inexoráveis, dizem ser assim.
E eu não mais te procurei porque me diziam de nada adiantar,
ou porque usei de receio covarde, incômodo pudor para me defender e,
de certa forma, nos proteger.
Agora é por demais tarde para te dizer isso.
Nada mais vale a pena se falar nem pensar,
pois também nada sei do que acontece depois que se desliga essa última conexão com a vida quando, talvez, religam-se outros cordões condutores de coisas que nem sei perceber de que maneira elas serão.
Tomara descanses bem onde estiveres, hoje,
pois tenho a impressão, neste mesmo instante em que escrevo,
ter a vida castigado muito teu corpo sem permitir um tempo que usufruísses de merecido repouso.
Fico eu, ainda por aqui, enquanto isso for uma permissão, até que a mim seja reservado um outro lugar que deva, por merecimento, ocupar.
Por isso é bom que até lá estejas atento, para me dizer do teu endereço, pois nessa ocasião vou pedir permissão para te visitar e (quem sabe?), novamente possamos rir de coisas a toa.
Quiçá isso aconteça numa data qualquer, mas, de preferência ao amanhecer, igual como soube - hoje - da notícia de ti.
Dorme em paz, meu amigo.
jbibas (em 9 de setembro de 2010, quando me avisaram que o amigo Paulo Martins se foi daqui)