31 de dez. de 2009

ponto de chegada ou ponto de partida




Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade

23 de dez. de 2009

Complexo de Cinderela???


Amy Winehouse provou que, como a maioria das mulheres, também sonha com um príncipe.
Até aí tudo bem, se o príncipe não fosse o do clássico conto dos irmãos Grimm,  Cinderela.
Dentro de um teatro londrino cheio de papais, mamães e filhinhos, Amy partiu para a conquista do tal príncipe, sem poupar a Cinderela de uns bons escrachos.
Pobre Cinderela, Pobre Monarquia.


7 de dez. de 2009

No te Salves

No te quedes inmóvil
al borde del camino
no congeles el júbilo
no quieras con desgana
no te salves ahora
ni nunca
no te salves
no te llenes de calma
no reserves del mundo
sólo un rincón tranquilo
no dejes caer los párpados
pesados como juicios
no te quedes sin labios
no te duermas sin sueño
no te pienses sin sangre
no te juzgues sin tiempo

pero si
pese a todo
no puedes evitarlo
y congelas el júbilo
y quieres con desgana
y te salvas ahora
y te llenas de calma
y reservas del mundo
sólo un rincón tranquilo
y dejas caer los párpados
pesados como juicios
y te secas sin labios
y te duermes sin sueño
y te piensas sin sangre
y te juzgas sin tiempo
y te quedas inmóvil
al borde del camino

y te salvas
entonces
no te quedes conmigo.

mario benedetti

1 de dez. de 2009

Pobre Robin Williams




Mr.Williams,
Não me causou nenhuma perplexidade a sua "brincadeirinha"
sobre o Brasil naquele programinha da TV americana.
Não mais do que quando você serviu de
GAROTO PROPAGANDA DO BUSH na INVASÃO AO IRAQUE.

Tudo bem que você é viciado em álcool e cocaína 

e já foi internado, por vezes, 
em clínicas para tratamento 
de dependes químicos.
Esse não é o problema.
O problema é que você preferiu a piada em detrimento dos fãs brasileiros.

Que pena Mr. William!!!


18 de nov. de 2009

Tim Burton no MoMa



Se não conseguir o visto a tempo, vai no site do MOMA ou visita a página do TIM BURTON na net, que lógico, é genial.

8 de nov. de 2009

miedo




Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tienen miedo de subir y miedo de bajar
Tienen miedo de la noche y miedo del azul
Tienen miedo de escupir y miedo de aguantar
Miedo que da miedo del miedo que da

El miedo es una sombra que el temor no esquiva
El miedo es una trampa que atrapó al amor
El miedo es la palanca que apagó la vida
El miedo es una grieta que agrandó el dolor

Tenho medo de gente e de solidão
Tenho medo da vida e medo de morrer
Tenho medo de ficar e medo de escapulir
Medo que dá medo do medo que dá

Tenho medo de acender e medo de apagar
Tenho medo de esperar e medo de partir
Tenho medo de correr e medo de cair
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma linha que separa o mundo
O medo é uma casa aonde ninguém vai
O medo é como um laço que se aperta em nós
O medo é uma força que não me deixa andar

Tienen miedo de reir y miedo de llorar
Tienen miedo de encontrarse y miedo de no ser
Tienen miedo de decir y miedo de escuchar
Miedo que da miedo del miedo que da

Tenho medo de parar e medo de avançar
Tenho medo de amarrar e medo de quebrar
Tenho medo de exigir e medo de deixar
Medo que dá medo do medo que dá

O medo é uma sombra que o temor não desvia
O medo é uma armadilha que pegou o amor
O medo é uma chave, que apagou a vida
O medo é uma brecha que fez crescer a dor

El miedo es una raya que separa el mundo
El miedo es una casa donde nadie va
El miedo es como un lazo que se apierta en nudo
El miedo es una fuerza que me impide andar

Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo

Medo estampado na cara ou escondido no porão
O medo circulando nas veias
Ou em rota de colisão
O medo é do Deus ou do demo
É ordem ou é confusão
O medo é medonho, o medo domina
O medo é a medida da indecisão

Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar
Medo... que dá medo do medo que dá

Lenine

30 de out. de 2009

COMO OS "NOSSOS" PAIS???

O caso que aconteceu a uma garota na Universidade Bandeirantes UNIBAN de São Bernardo dos Campos (click) é apenas uma triste constatação do que se tornou os jovens classe média do século XXI.
Inseguros, confusos, querem tudo ao mesmo tempo agora, mas não conseguem pagar suas próprias contas, não leem, não sabem de nada do que acontece no mundo e nem mesmo  debaixo de seus próprios narizes.
Mas se orgulham de sair na noite e de beijar muitas bocas, não precisam usar camisinha porque AIDS é "coisa de viado", adorariam provar as "mulheres frutas", obviamente longe dos olhares das suas namoradas.
Pois eles se indignam com o vulgar quando estão acompanhados de seus pares.

"como uma "vagabunda" ousa dividir comigo o meu espaço intelectual? não, aqui não, aqui não pode."

Eu poderia repetir o que canta o poeta "eu não queria a juventude assim perdida..." 

Não,  isso não me causa pena, me causa medo, desespero, pavor.
Hoje eles jogam ovos de cima dos seus duplex, espancam travestis e queimam índios e mendigos.

Amanhã eles governarão o país, eles estarão no poder, nas grandes empresas, nos jornais, nas escolas e universidades, eles farão as leis, as aprovarão e as executarão.



28 de out. de 2009

A história de Lily Braun

Como num romance
O homem de meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão foi desde então
Ficando flou

Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues

Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris

E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê

Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar

Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz.




Chico buarque

26 de set. de 2009

sacou?

A viagem não acaba nunca. 
Só os viajantes acabam. 
E mesmo estes podem prolongar-se em memória, 
em lembrança, em narrativa. 
Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: 
"Não há mais o que ver", 
saiba que não era assim. 
O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. 
É preciso ver o que não foi visto, 
ver outra vez o que se viu já, 
ver na primavera o que se vira no verão, 
ver de dia o que se viu de noite, 
com o sol onde primeiramente a chuva caía, 
ver a seara verde, o fruto maduro, 
a pedra que mudou de lugar, 
a sombra que aqui não estava. 
É preciso voltar aos passos que foram dados, 
para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. 
É preciso recomeçar a viagem. 
Sempre.
José Saramago

18 de set. de 2009

nO hAy BaNdA

quieta
muda
o silêncio é ensurdecedor
penso o que em mim calou
peso tudo
somo
multiplico
divido
subtraio
a conta não dá certo
a equação está errada
calculo de novo
exato
errado

algo mudou
o ciclo se completa
e logo
o silêncio dará lugar
a novos sons
então
esqueço a aritmética
e lembro do som da minha voz

11 de set. de 2009

SyMpAtHy FoR tHe DeViL

Please allow me to duce myself

I'm a man of wealth and taste

I've been around for a long, long year

Stole many a man's soul and faith

And I was 'round when Jesus Christ

Had his moment of doubt and pain

Made damn sure that Pilate

Washed his hands and sealed his fate

Pleased to meet you

Hope you guess my name

But what's puzzling you

Is the nature of my game

I stuck around St. Petersberg

When I saw it was a time for a change

Killed the Czar and his ministers

Anastasia screamed in vain

I rode a tank

Held a general's rank

When the Blitzkrieg raged

And the bodies stank

Pleased to meet you

Hope you guess my name,oh yeah

But what's puzzling you

Is the nature of my game,oh yeah

I watched with glee

While your kings and queens

Fought for ten decades

For the Gods they made

I shouted out

"Who killed the Kennedys?"

When after all

It was you and me

Let me please duce myself

I'm a man of wealth and taste

And I laid traps for troubadors

Who get killed before they reached Bombay

Pleased to meet you

Hope you guess my name,oh yeah

But what's puzzling you

Is the nature of my game,oh yeah, get down, baby

Pleased to meet you

Hope you guessed my name, oh yeah

But what's confusing you

Is just the nature of my game


Just as every cop is a criminal

And all the sinners Saints

As heads is tails

Just call me Lucifer

'Cause I'm in need of some restraint
So if you meet me

Have some courtesy

Have some sympathy, and some taste

Use all your well-learned politesse

Or I'll lay your soul to waste, um yeah

Pleased to meet you

Hope you guess my name,um yeah

But what's puzzling you

Is the nature of my game,um baby, get dow...

Rolling Stones

28 de ago. de 2009

Pra festejar a vida e o tempo

eu acho que a vida anda passando a mão em mim

eu acho que a vida anda passando a mão

eu acho que a vida anda passando

eu acho que a vida anda

a vida anda em mim

a vida anda

eu acho que há vida em mim

há vida em mim

acho que a vida anda passando

a vida anda passando a mão em mim

e por falar em sexo

quem anda me comendo é o tempo

se bem que já faz tempo, mas eu escondia

porque ele me pegava a força

e por trás

até que um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo, se você tem que me comer

que seja com meu consentimento, e me olhando nos olhos…

eu acho que eu ganhei o tempo

de lá pra cá ele tem sido bom comigo

dizem

que ando até remoçando.

viviane mosé – vida/tempo

22 de ago. de 2009

De novo um novo amor - para Sophie Calle

ah Sophie

foste te apaixonar por um contador de histórias?

um encantador de serpentes?

você não sabe que o coração de um ilusionista mente?

Você não tinha que ter acreditado nesta relação,

com contrato, com acordo,

E com convenção

Amor não vive sob tutela

Ama o tempo que dura

Depois que se esvai

Não adianta ter cautela

Sophie

a tua dor

transformastes em arte

e eu que também sofri

assisti ao espetáculo

e me senti muito próxima de ti

pela arte e pela dor

que nos tornam fortes

e nos fazem acreditar

de novo num grande amor


6 de ago. de 2009

O evangelho segundo Dostoiévski

... assim também eu infestei com a minha presença essa terra que antes de mim era feliz e não conhecia o pecado. Eles aprenderam a mentir e tomaram amor pela mentira e conheceram a beleza da mentira. Ah, isso talvez tenha começado inocentemente, por brincadeira, por coquetismo, por um jogo de amor, na verdade, talvez, por um átomo, mas esse átomo de mentira penetrou no seu coração e lhes agradou. Depois rapidamente nasceu a volúpia, a volúpia gerou o ciúme, o ciúme - a crueldade... Ah, não sei, não lembro, mas depressa, bem depressa respingou o primeiro sangue: eles se espantaram e se horrorizaram, e começaram a se dispersar, a se dividir. Surgiram alianças, mas dessa vez umas contra as outras. Começaram as acusações, as censuras. Conheceram a vergonha, e a vergonha erigiram em virtude. Nasceu a noção de honra, e cada aliança levantou a sua própria bandeira. Passaram a molestar os animais, e os animais fugiram deles para as florestas e se tornaram seus inimigos. Começou a luta pela separação, pela autonomia, pela individualidade, pelo meu e pelo teu. Passaram a falar línguas diferentes. Conheceram a dor e tomaram amor pela dor, tinham sede de tormento e diziam que a verdade só se alcança pelo tormento. Então no meio deles surgiu a ciência. Quando se tornaram maus, começaram a falar de fraternidade e humanidade e entenderam essas idéias. Quando se tornaram criminosos, conceberam a justiça e prescreveram a si mesmos códigos inteiros para mantê-la, e para garantir os códigos instalaram a guilhotina. Mal se lembravam daquilo que perderam, não queriam acreditar nem mesmo que um dia foram inocentes e felizes. Riam da possibilidade de um passado assim para a sua felicidade, e o chamavam de ilusão...

trecho do conto "O sonho de um homem ridículo" de Dostoiévski

17 de jul. de 2009

Mais

vem cá
põe a tua mão no meu peito
e vê só o jeito que vc deixou meu coração

sentiu?
pois é, isso é amor

ainda não é todo
ainda não é tudo
ainda não é muito

quero mais tempo de vida
quero mais tempo contigo
pra poder te amar muito mais

é verdade
eu quero

três anos não bastam
três anos é pouco
quero te amar o dobro
ainda tem muito mais



então meu amor
não esqueça
te quero muito mais
que pareça
te quero mais que todos.

11 de jul. de 2009

Lúcio Flávio Pinto e a VERDADE dos fatos

Ao caro leitor

Li com estupefação, perplexidade e indignação a sentença que ontem [6/7] me impôs o juiz Raimundo das Chagas, titular da 4ª Vara Cível de Belém do Pará. Ao fim da leitura da peça, perguntei-me se o magistrado tem realmente consciência do significado do poder que a sociedade lhe delegou para fazer justiça, arbitrando os conflitos, apurando a verdade e decidindo com base na lei, nas evidências e provas contidas nos autos judiciais, assim como no que é público e notório na vida social. Ou, abusando das prerrogativas que lhe foram conferidas para o exercício da tutela judicial, utiliza esse poder em benefício de uma das partes e em detrimento dos direitos da outra parte.

O juiz deliberou sobre uma ação cível de indenização por dano moral que contra mim foi proposta, em 2005, pelos irmãos Romulo Maiorana Júnior e Ronaldo Maiorana, donos da maior corporação de comunicação do norte do país, o Grupo Liberal, afiliado à Rede Globo de Televisão. O pretexto da ação foi um artigo que escrevi para um livro publicado na Itália e que reproduzi no meu Jornal Pessoal, em setembro daquele ano.

O magistrado acolheu integralmente a inicial dos autores. Disse que, no artigo, ofendi a memória do fundador do grupo de comunicação, Romulo Maiorana, já falecido, ao dizer que ele atuou como contrabandista em Belém na década de 50. Condenou-me a pagar aos dois irmãos indenização no valor de 30 mil reais, acrescida de juros e correção monetária, além de me impor o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, arbitrados pelo máximo permitido na lei, de 20% sobre o valor da causa.

O juiz também me proibiu de utilizar em meu jornal "qualquer expressão agressiva, injuriosa, difamatória e caluniosa contra a memória do extinto pai dos requerentes e contra a pessoa destes". Também terei que publicar a carta que os irmãos Maiorana me enviarem, no exercício do direito de resposta. Se não cumprir a determinação, pagarei multa de R$ 30 mil e incorrerei em crime de desobediência.

As penas aplicadas e as considerações feitas pelo juiz para justificá-las me atribuem delitos que não têm qualquer correspondência com os fatos, como demonstrarei.

O juiz alega na sua sentença que escrevi o artigo movido por um "sentimento de revanche" contra os irmãos Maiorana. Isto porque, "meses antes de tamanha inspiração", me envolvi "em grave desentendimento" com eles.

O "grave desentendimento" foi a agressão que sofri, praticada por um dos irmãos, Ronaldo Maiorana. A agressão foi cometida por trás, dentro de um restaurante, onde eu almoçava com amigos, sem a menor possibilidade de defesa da minha parte, atacado de surpresa que fui. Ronaldo Maiorana teve ainda a cobertura de dois policiais militares, atuando como seus seguranças particulares. Agrediu-me e saiu, impune, como planejara. Minha única reação foi comunicar o fato em uma delegacia de polícia, sem a possibilidade de flagrante, porque o agressor se evadiu. Mas a deliberada agressão foi documentada pelas imagens de um celular, exibidas por emissora de televisão de Belém.

Inversão de pólos

O artigo que escrevi me foi encomendado pelo jornalista Maurizio Chierici, para um livro publicado na Itália. Quando o livro saiu, reproduzi o texto no Jornal Pessoal, oito meses depois da agressão.

Diz o juiz que o texto possui "afirmações agressivas sobre a honra" de Romulo Maiorana pai, tendo o "intuito malévolo de achincalhar a honra alheia", sendo uma "notícia injuriosa, difamatória e mentirosa".

A leitura isenta da matéria, que, obviamente, o magistrado não fez, revela que se trata de um pequeno trecho inserido em um texto mais amplo, sobre as origens do império de comunicação formado por Romulo Maiorana. Antes de comprar uma empresa jornalística, desenvolvendo-a a partir de 1966, ele estivera envolvido em contrabando, prática comum no Pará até 1964. Esse fato é de conhecimento público, porque o contrabando fazia parte dos hábitos e costumes de uma região isolada por terra do restante do país. O jornal A Província do Pará, um dos mais antigos do Brasil, fundado em 1876, se referiu várias vezes a esse passado em meio a uma polêmica com o empresário, travada em 1976.

Três anos antes, quando se habilitou à concessão de um canal de televisão em Belém, que viria a ser a TV Liberal, integrada à Rede Globo, Romulo Maiorana teve que usar quatro funcionários, assinando com eles um "contrato de gaveta" para que aparecessem como sendo os donos da empresa habilitada e se comprometendo a repassar-lhe de volta as suas ações quando fosse possível. O estratagema foi montado porque os órgãos de segurança do governo federal mantinham em seus arquivos restrições ao empresário, por sua vinculação ao contrabando, não permitindo que a concessão do canal de televisão lhe fosse destinado. Quando as restrições foram abolidas, a empresa foi registrada em nome de Romulo.

Os documentos comprobatórios dessa afirmação já foram juntados em juízo, nos processos onde os fatos foram usados pelos irmãos Maiorana como pretexto para algumas das 14 ações que propuseram contra mim depois da agressão, na evidente tentativa de inverter os pólos da situação: eu, de vítima, transmutado à condição de réu.

Constituição violada

Todos os fatos que citei no artigo são verdadeiros e foram provados, inclusive com a juntada da ficha do SNI (Serviço Nacional de Informações), que, na época do regime militar, orientava as ações do governo. Logo, não há calúnia alguma, delito que diz respeito a atribuir falsamente a prática de crime a alguém.

Quanto ao ânimo do texto, é evidente também que se trata de mero relato jornalístico, uma informação lateral numa reconstituição histórica mais ampla. Não fiz nenhuma denúncia, por não se tratar de fato novo, nem esse era o aspecto central do artigo. Dele fez parte apenas para explicar por que a TV Liberal não esteve desde o início no nome de Romulo Maiorana pai, um fato inusitado e importante, a merecer registro.

O juiz justificou os 30 mil reais de indenização, com acréscimos outros, que podem elevar o valor para próximo de 40 mil reais, dizendo que a "capacidade de pagamento" do meu jornal "é notória, porquanto se trata de periódico de grande aceitação pelo público, principalmente pela classe estudantil, o que lhe garante um bom lucro".

Não há nos autos do processo nada, absolutamente nada para fundamentar as considerações do juiz, nem da parte dos autores da ação. O magistrado não buscou informações sobre a capacidade econômica do Jornal Pessoal, através do meio que fosse: quebra do meu sigilo bancário, informações da Receita Federal ou outra forma de apuração.

O público e notório é exatamente o oposto. Meu jornal nunca aceitou publicidade, que constitui, em média, 80% da fonte de faturamento de uma empresa jornalística. Sua receita é oriunda exclusivamente da sua venda avulsa. A tiragem do jornal sempre foi de 2 mil exemplares e seu preço de capa, há mais de 12 anos, é de 3 reais. Descontando-se as comissões do distribuidor e do vendedor (sobretudo bancas de revista), mais as perdas, cortesias e encalhes, que absorvem 60% do preço de capa, o retorno líquido é de R$ 1,20 por exemplar, ou receita bruta de R$ 2,4 mil por quinzena (que é a periodicidade do jornal). É com essa fortuna que enfrento as despesas operacionais do jornal, como o pagamento da gráfica, do ilustrador/diagramador, expedição, etc. O que sobra para mim, quando sobra, é quantia mais do que modesta.

Assim, o valor da indenização imposta pelo juiz equivale a um ano e meio de receita bruta do jornal. Aplicá-la significaria acabar com a publicação, o principal objetivo por trás dessas demandas judiciais a que sou submetido desde 1992.

Além de conceder a indenização requerida pelos autores para os supostos danos morais que teriam sofrido por causa da matéria, o juiz me proibiu de voltar a me referir não só ao pai dos irmãos Maiorana, mas a eles próprios, extrapolando dessa forma os parâmetros da própria ação. Aqui, a violação é nada menos do que à Constituição do Brasil e ao Estado democrático de direito vigente no país, que vedam a censura prévia. A ofensa se torna ainda mais grave e passa a ter amplitude nacional e internacional.

Ira e represália

Finalmente, o magistrado me impõe acatar o direito de resposta dos irmãos Maiorana, direito que eles jamais exerceram. É do conhecimento público que o Jornal Pessoal publica – todas e por todo – as cartas que lhe são enviadas, mesmo quando ofensivas. Em outras ações, ofereci aos irmãos a publicação de qualquer carta que decidissem escrever sobre as causas, na íntegra. Desde que outra irmã iniciou essa perseguição judicial, em 1992, jamais esse oferecimento foi aceito pelos Maiorana. Por um motivo simples: eles sabem que não têm razão no que dizem, que a verdade está do meu lado. Não querem o debate público. Seu método consiste em circunscrever-me a autos judiciais e aplicar-me punição em circuito fechado.

Ao contrário do que diz o juiz Raimundo das Chagas, contrariando algo que é de pleno domínio público, o Jornal Pessoal não tem "bom lucro". Infelizmente, se mantém com grandes dificuldades, por seus princípios e pelo que é. Mas dispõe de um grande capital, que o mantém vivo e prestigiado há quase 22 anos: é a sua credibilidade. Mesmo os que discordam do jornal ou o antagonizam, reconhecem que o JP só diz o que pode provar. Por assim se comportar desde o início, incomoda os poderosos e os que gostariam de manipular a opinião pública, conforme seus interesses pessoais e comerciais, provocando sua ira e sua represália. A nova condenação é mais uma dessas vinganças. Mas com o apoio da sociedade, o Jornal Pessoal sobreviverá a mais esta provação.

Belém, 7 de julho de 2009

Lúcio Flávio Pinto

3 de jul. de 2009

rascunho


a melhor hora para escrever e a hora de dormir,
quando deito a cabeça no travesseiro,
minha produção literária é maravilhosa,
disserto sobre muitos temas,
componho textos descritivos incríveis,
conto histórias reais e fantásticas,
faço relatos de vida e de morte,
induzo, tenciono, comovo, revolto,
faço de mim minha melhor leitora.

escrevo sem papel e sem caneta,
sem teclado e sem mouse.

essa é a minha melhor inspiração.
assim eu adormeço, e
então, tudo se transforma em sonho,
evapora...

como disse o poeta,
sou espectadora de mim mesma
.

25 de jun. de 2009

Moonwalk





Vai menino,
Vai andar na lua

Agora és livre

Podes ter a cor que quiseres

Ter os amigos que escolheres

E as paixões que desejares


Vai menino, Vai andar na lua

Tua solidão acabou
Podes correr, rir e voar

Não precisas mais ter medo de nada

Nem de escuro e nem de fantasmas


Vai menino,
Vai andar na lua


Agora estás para sempre
Na terra que sempre desejastes

23 de jun. de 2009

PoBrE sÃo PaUlO, pObRe PaUliStA



enquanto eu assinava o abaixo assinado do greenpeace contra o desmatamento na amazônia...

22 de jun. de 2009

Alice no País das Maravilhas


obaaaaaaaaaaaaaaa,
Tim Burton está de volta e com ele
Johnny Depp, trazendo o maravilhoso,
Alice no País das Maravilhas.

agora é rezar pra 2010 chegar logo!!!

12 de jun. de 2009

MeNaGeAtRoIs

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?
Fernando Pessoa



Doente. Sinto-me com febre e com delírio Enche-se o quarto de fantasmas Uma visão desenha-se ante mim Debruça-se de leve… É uma mulher de sonho e suavidade E disse-me baixinho: “Eu me chamo Saudade, E venho para levar-te o coração doente! Não sofrerás mais; serás fria como o gelo; Neste mundo de infâmia o que é que importa sê-lo Nunca tu chorarás por tudo mais que vejas!” E abriu-me o meu seio; tirou-me o coração Despedaçado já sem uma palpitação, Beijou-me e disse “Adeus!” E eu: “Bendita sejas!…”
Florbela Espanca


...Que dias há que na alma me tem posto Um não sei quê, que nasce não sei onde, Vem não sei como, e dói não sei porquê." ...porque o amor é assim mesmo... Sente-se...apenas!
Luis de Camões

11 de jun. de 2009

ReLiCáRiO


tenho um relicário que levo comigo para todos os lugares que vou.
guardo dentro dele minhas memórias,
falo da memória afetiva,
tudo aquilo que vivi intensamente,
meus sentimentos,
bons ou ruins.
tudo aquilo que me "formatou", que me deu a consistência que tenho.
meu relicário guarda minhas relíquias,
que se confundem e se fundem com muitas outras,
pessoas que passaram,
que ficaram
e que sempre estarão.

meu relicário conta toda a minha história,

por isso ele é aberto à visitação

mas apenas pra convidados.

24 de mai. de 2009

Adioses y Bienvenidas Mário








Táctica y estrategia

Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos.

Mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible.

Mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.

Mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos

no haya telón
ni abismos.

Mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple.

Mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.

Mário Benedetti