29 de abr. de 2012
As últimas páginas de Ulysses de James Joyce - o monólogo de Molly Bloom
“… ..o sol brilha para você ele disse no dia que a gente estava deitado
entre os rododendros no cabeço do Howth no terno de tuíde cinza e chapéu
de palha dele dia que levei ele a se propor a mim sim primeiro eu dei a
ele um pouquinho do bolinho-de-cheiro da minha boca e era ano bissexto
como agora sim dezasseis anos atrás meu Deus depois desse beijo longo eu
quase perdi minha respiração sim ele disse que eu era uma flor da
montanha sim assim a gente é uma flor todo o corpo de uma mulher sim
essa foi uma coisa verdadeira que ele disse na vida dele e o sol brilha
para você hoje isso foi por que eu gostei dele porque eu via que ele
entendia ou sentia o que é uma mulher eu sabia que eu podia dar um jeito
nele e eu dei a ele todo o prazer que eu podia levando ele até que ele
me pediu pra dizer sim e eu não queria responder só olhando primeiro
para o mar e o céu eu estava pensando em tantas coisas que ele não sabia
de Mulvey e do Sr Stanhope e Hesier e meu pai e do velho capitão Grovas
e os marinheiros brincando de coelho-sai e pula-carniça e lavar-pratos
como eles chamavam no cais e o sentinela na frente da casa do Governador
com a coisa em redor do capacete branco dele pobre diabo meio tomado e
as garotas espanholas se rindo nos xailes e nas grandes travessas delas e
os pregões da manhã os gregos e os judeus e os árabes e o diabo sabe
quem mais de todos os confins da Europa e a Rua do Duque e o mercado de
aves todas cacarejando em frente do Larby Sharon e os pobres dos
burricos escorregando meio dormidos e os sujeitos vagos nas mantas
dormitando na sombra nos degraus e as rodas grandes das carroças de
touros e o velho castelo milhares de anos velho e aquèles mouros bonitos
todos de branco e tuìbantes como reis pedindo à gente pra sentar nas
lojinhas pequeninas deles e Ronda com as velhas janelas das posadas
olhos vislumbrados em muxarabiê escondidos para o amante dela beijar o
ferro e as bodegas de vinho meio abertas à noite e as castanholas e a
noite que a gente perdeu o bote em Algeciras o vigia indo por ali sereno
com a lanterna dele e oh aquela tremenda torrente profunda oh e o mar o
mar carmesim às vezes como fogo e os poentes gloriosos e as figueiras
nos jardins da Alameda sim e as ruazinhas esquisitas e casas rosas e
azuis e amarelas e os rosais e os jasmins e gerânios e cactos e
Gibraltar eu mocinha onde eu era uma Flor da montanha sim quando eu
punha a rosa em minha cabeleira como as garotas andaluzas costumavam ou
devo usar uma vermelha sim e como ele me beijou contra a muralha
mourisca e eu pensei tão bem a ele como a outro e então eu pedi a ele
com os meus olhos para pedir de novo sim e então ele me pediu quereria
eu sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu pus os meus braços
em torno dele sim e eu puxei ele pra baixo pra mim para ele poder
sentir meus peitos todos perfume sim o coração dele batia como louco e
sim eu disse sim eu quero Sims.”
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